quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Uma história de Natal

Quando eu era pequeno eu era doido com as coisas do He-man. Assistia o desenho todo dia na hora do almoço e depois juntava com meu primo, que sempre tinha que ser o Esqueleto e inventávamos nossas aventuras. Resolvi então que queria o Castelo de Greyskull de nata. Escrevi cartinha ara o Papai Noel, que eu bem sabia que era pra minha mãe que trabalhava no Rio de Janeiro. Procurei me comprtar bem o ano inteiro, e tirar boas notas pra garantir meu presente.
Chegou o tão eperado dia. Acordei de manhã e, ao levantar, tropecei na caixa enorme, que era praticamente do me tamanho. Rasguei o papel colorido e a caveirona do Castelo parecia sorrir pra mim. Abri tudo com voracidade, os bonequinhos todos dentro e... Pera aí. Cadê o He-man? Procurei nos papéis rasgados amontoados, no fundo das caixas e nada do He-man.
_ O He-man náo tinha mais, só deu pra comprar esses daí.
Meus olhos meio que começaram a lacrimejar. De que vale ter o Castelo de Greyskull sem o He-man? Que histórias eu teria pra inventar, se me faltava o herói? Porém, a cara de decepção teve que dar lugar a uma alegria falsa, que com o tempo se tornou verdadeira. Não podia mostrar pra minha mãe, que tanto havia trabalhado pra me dar o tal presente que ele não era exatamente o que eu queria, que ele estava incompleto.
Pois esse ano a história se repetiu, eu esperei meses por meu Castelo de Greyskull, mas ele veio sem o He-man. Quer dizer, o He-man até veio, mas veio disfarçado de esqueleto. Não era o herói que esperava que ele fosse.E dessa vez, quem trabalhou pra tê-lo fui eu, e eu pude chorar, porque a decepção era minha e só minha.
Mas a experiência traz a sabedoria. Junto com o Castelo veio outro bonequinho, sabe aquele que não lembramos direito o nome? Pois é. Ele veio, e fez minha alegria. E é dele que vou lembrar pra sempre, quando alguém falar do He-man.
Espero que todos tenham tido um Feliz Natal, e que tenham ganho o que esperavam. Caso isso não tenha acontecido, é só dar uma olhadinha nas outras coisas em volta, com certeza uma delas se torará especial e única.
Dedicado à minha "Pinturinha".

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sobre nossos poderes secretos

Sempre odiei as aulas de Educação Física. O fato de ser filho único pode ter contribuído para que isso acontecesse. A verdade é que eu nunca soube, nem nunca tive vontade de saber jogar bola, tinha vergonha de pôr o uniforme, e sempre era o último a ser escolhido pra qualquer coisa mesmo. Mas, como na vida não se pode fazer somente o que se quer eu era obrigado a fazer as tais aulas. Pra facilitar a troca do uniforme, pois não podíamos assistir as outras aulas de bermuda, eu costumava colocar a calça por cima da bermuda mesmo, pra não precisar dividir o vestiário com nenhum dos meninos da minha turma. Não era o tipo popular, e nunca tive amigos homens na escola. 
Um dia estava muito calor, não havia meios de ir com uma calça por cima da bermuda. Merda! Ia ter que entrar no vestiário. desci da sala de aula alguns minutos antes pra tentat pegar o vestiário sem ninguém e me trocar em paz. Mas acho que alguém mais teve essa idéia, e aí o que eu esperava ser ruim, acabou sendo pior.
Roney era o típico galã da sétima série. Bonito, sorriso largo e sempre presente, encantava com toda facilidade do mundo as meninas e também uns meninos, diga-se de passagem. Ele entra no vestário e, quando eu me preparava pra sair imediatamente e calçar o tênis no pátio, o vento bateu a porta com força, trancando-a e derrubando a chave para o lado de fora. Aquilo não podia estar acontecendo. Fiquei vermelho e não sabia o que fazer.
_ Acho que vamos ter que pedir ajuda, né?
Assenti com a cabeça e não falei nada. Nisso, ele começou a bater na porta e gritar.
_Estou preso no vestiário! Alguém abre,  por favor?
Ouvi um burburinho. Era a turma toda descendo para a aula. Um dos amigos dele abriu a porta e ele saiu, sem se trocar. Eu tive que sair em seguida. Uma gargalhada coletiva ecoou na minha cabeça. Um mar de dedos apontado pra ele e pra mim.
_Eu sabia q vocês iam zoar, seus babacas. Disse ele antes de uma risadinha sem-graça.
Neste momento, não vi mais nada. Acho que permaneci imóvel por uns cinco minutos. Um branco total ocupava esse espaço de tempo. Nesse dia descobri que tinha esse poder. De instantaneamente criar um vazio, ou uma dimensão paralela, ou o nome que queiram dar. Assim, as coisas não doem tanto. E ao longo de minha vida, tenho feito essas pequenas viagens pra uma terra desconhecida, onde só eu existo, ou nem existo. E volto são e salvo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Sobre o apelido de infância

Quando eu era pequeno, minha avó me chamava de Chico. Eu não entendia a relação do meu nome, Charles, com meu apelido, Chico. Daí que um dia eu pedi pra ela me explicar o porquê.
Quando eu nasci, em Teresópolis, minha mãe era solteira e estava trabalhando. Ela não podia cuidar de mim, e me levou pra Minas, pra que minha avó cuidasse. Naquele tempo, filho de mãe solteira não era a coisa mais fofa do mundo não, era chamado de filho-de-moita, inclusive. E meu pai, tirando o espermatozóide, nunca mais contribuiu em nada para que eu aqui estivesse. Daí que como minnha avó também trabalhava, minha madrinha ajudava ela a tomar conta de mim, só que minha madrinha, a Tia Maria, nunca foi muito paciente.
Pois bem. No final daquele ano mesmo, como de costume, meus parentes de São Paulo foram passar as festas com a família. E minha prima Marlúcia, a mulher mais engraçada do mundo, tinha uma filha pequena, a Fabiana, que era meio chatinha, mas havia se encantado com o bebezinho da casa. E Fabiana, toda hora vinha perguntar pra minha tia:
_Maria, como é mesmo o nome do bebê?
_Charles, Fabiana!
_Ah... Tá!
Uns minutos depois ela voltava:
_Ô Maria, como é mesmo o nome do bebê?
_É Charles, Fabiana.
_Ah...
Depois de umas idas e voltas de Fabiana, a paciência de minnha tia foi se esgotando. Eis que ela se acaba, e Fabiana volta.
_Maria, como é que é mesmo que você falou que é o nome do bebê?
_Chico, Fabiana! O nome dele é Chico!
_Ah! Então vai lá no quarto que eu acho q o Chico cagou!
Desde então eu virei o pequeno Chico!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Sobre a solidão

Eu devia ter uns 8 ou 9 anos quando isso aconteceu. Era um dia frio, não tinha aula e eu não me lembro o porquê. Eu acordei um pouco mais tarde do que o de costume e não tinha ninguém do lado. Nessa época eu costumava dormir com minha avó. Me levantei, fui até a cozinha e nada. Andei pela casa, de cômodo em cômodo e não vi sequer uma alma. Procurei meus chinelos que estavam quase inalcançáveis embaixo da cama e os calcei. Saí correndo pela casa, abri a porta da cozinha e olhei para o terreiro que ainda estava enevoado. Realmente não havia ninguém. Teria eu sido abandonado? Aquela sensação me atravessou o peito, e já deseperado eu gritei:
_Mãe? Mãe?
_Estou aqui! Na horta!
Eu respirei aliviado. A poucos metros de mim estava ela, minha mãe-avó. Podia ficar tranqüilo, pois não estava mais sozinho.
Hoje eu acordei assim. Estava na casa de um amigo, e vim caminhando pelas ruas do centro. Pessoas passavam por mim sem rosto, como a névoa fria das manhãs no sítio. Tentei gritar, mas a voz adulta se embarga, já não sai mais com a facilidade de quando eu era criança. A mãe está longe, e mesmo que eu grite com todas as forças, ela não vai me ouvir. Mesmo cercado de gente por todos os lados, eu estou sozinho.
É... Não há ninguém na horta.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sobre as escolhas...

Como eu já disse aqui, em julho eu sempre ia pro Rio de Janeiro passar as férias com minha mãe. Era a única época do ano em que eu passava mais que dois dias do lado dela. Minha mãe trabalhava pra uma jornalista que eu amava, D. Ana, que tinha duas filhas incríveis, Débora e Cynthia, com quem hoje mantenho contato através do Orkut. Mas enfim, vamos à história.

Nos fins de semana a gente semre saía pra passear, e eu me lembro que adorava comer aquelas bolachas japonesas, sembei, e eu fingia que estava tomando a comunhão (era um dos meus sonhos). Um dia, minha mãe me levou na dasa da D. Julieta, que era vó das meninas. Não sei porque, mas naquela época as pessoas mais velhas sempre davam dinheiro pras crianças, não necessariamente só as avós. Um sorrisinho bem dado, um beijinho na bochecha rendia uns trocados pra comprar um sorvete. Nesse dia em que fomos em sua casa, D. Julieta em um surto de generosidade me deu uma quantia em dinheiro que até aquele dia eu só tinha visto na mão dos outros, e disse:

_ Vai comprar um presentinho pra você!

Agradeci, e minha boca se abriu em um sorriso de orelha a orelha.
Saí com minha mãe, andamos a tarde inteira e encontrei nas Lojas Americanas o que eu tanto queria! Havia muitas opções, de Playmobils a Comandos em Ação, mas eu havia encontraro o meu presente perfeito! Sobrou dinheiro ainda pra um lanche no Bob's e um milkshake!
Chegamos em casa. Fui correndo agradecer D. julieta e mostrar os presentes que eu tinha comprado, com cara de orgulho. Mas meu sorriso murchou com a cara de decepção que ela fez, quando viu o que o menino de 8 anos trazia nas mãos.

_ Dois discos da Xuxa? Você comprou dois discos da Xuxa?

A cara dela denunciava algo que anos mais tarde eu entenderia, e seria mais ou mesmo a mesma cara que minha mãe faria quando eu contasse pra ela, dali a alguns anos que, eu gostava de meninos.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Galopeira e o berrante

Quando pequeno eu fazia, todo ano, duas viagens. Em julho eu ia pro Rio de Janeiro passar um tempo com minha mãe biológica e em outubro eu ia com minha madrinha e minha mãe, que eu chamava de mãe mesmo, mas era avó, pra Aparecida do Norte. Ir pro Rio era legal, conhecia muita gente, ia à praia, nos parquinhos... Mas Aparecida era muito bom, porque ia com minha mãe-avó. E se tem uma coisa que eu sempre gostei foi de exibir minha avó quando saía com ela. Mulher forte, de opinião, respeitada e querida por todos. Era brava, ai de quem aprontasse perto dela, fosse filho de qualquer um ela sempre passava uma boa carraspana.
Pois bem, eu devia ter uns 4 anos ou 5, não me lembro bem e estávamos nos preparando pra ir a Aparecida. Dois dias antes a mãe (vó) já começava, junto com minha madrinha, a fazer os quitutes. Broa de milho, biscoito de trança, rosca de araruta (que nunca soube o que é) e frango frito pra comer na hora do almoço. A mãe não deixava a gente comer as porcarias de beira de estrada e tinha horror de quem comia biscoito de polvilho em ônibus, além de fazer barulho, sujava toda a roupa. Na hora da parada, enquanto o povo descia pra almoçar, a gente ia abrindo os tupperwares e o cheiro dos quitutes sempre atraía uns 4 ou 5, coisa que eu odiava, porque sempre os adultos tinham que comer antes dos pequenos e sobrava pouco pra gente. Porém, qualquer protesto poderia render uma coça bem dada na frente dos outros, e eu não estava disposto a correr esse risco pelos biscoitos que sempre comia em casa.
Nessa ocaisão, o menino Donizetti dominava as paradas de sucesso com seu superfôlego cantando Galopeira. Como gritar sempre foi uma das minhas coisas preferidas, eu saía pra tudo que é lado cantando Galopeira, como se não houvesse amanhã. Pois bem, cismei que queria ser o Donizetti. Andava pra todo lado de calça "UStop", camisa xadrez de flanela que a mãe mandava a costureira fazer e uma botinha zebu pra completar o look.
Já na cidade, estava assim caminhando, depois de assitir a missa da Basílica, quando vi um compacto do Donizetti em que ela aprecia com um berrante. Pronto, deu-se a desgraça! Cismei que queria um berrante. Primeiro cochichei no ouvido da madrinha, que mandou pedir pra mãe. Fui pedir.
_Mãe, me dá um berrante?
_Pra quê, menino?
_Quero ficar igual o Donizetti!
_Mas você já tem a roupa, a bota...
_Mas eu quero o berrante também!
_Mas é caro! Vamos embora, quando a mãe tiver dinheiro a mãe compra!
_Mas eu quero agora!
_Vamos embora, que hoje não dá!
_Mas eu quero, e quero e pronto!
Nesse momento eu emburrei, cruzei os braços e fiquei rígido, e o povo ao redor já parando pra ver o espetáculo!
_Vamos embora! Senão a gente vai perder o ônibus e você vai ter que morar aqui com os mendigos (coisa que eu tinha pavor).
_Não saio daqui sem o meu berrante! Gritei, cheio de opinião.
_Ah não? Então vamos ver!
Senti as palmadas no traseiro fortes e ardidas. E comecei a chorar, na frente de todo mundo, que parou pra ver. No que minha avó, envergonhada por ter me batido na frente dos outros, solta a pérola:
_Com esse berro que você tem, não precisa de berrante coisa nenhuma, vamos embora.
E eu fui, com o "rabo quente", aos berros, sem o meu berrante!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sobre o amor

Kátia era vizinha... Meininha de bochechas rosadas e cabelinho liso, com franjinha. Eu a via e as minhas bochechas se incendiavam. Sorria, com os dentes da frente faltando. Era minha namoradinha, embora ela não soubesse. Vê-la passar pra ir pra escola era a minha felicidade. Comprava bombons que mandava minha prima entregar a ela, com cartinhas. Mais tarde vim a saber que minha prima os comia, e rasgava as cartas. Essa história durou anos e anos.
Lembro-me uma vez que, em uma festinha de aniversário de um amigo ela sentou perto de mim na mesa. Eu criei coragem e pegeuei em sua mão por baixo da mesa, suas bochechas instantaneamente ficaram ainda mais coradas. Apertei um pouquinho a mão, já sentia o sangue faltar no meu corpo, estava todo em minhas bochechas. Esse foi nosso contato mais íntimo, em anos de convivência. Logo ela entrou no ginásio, conheceu o namorado, hoje seu atual marido.
Kátia sintetiza minha relação com o amor, que sempre fica comigo. Acho que por ser carente, desde pequeno, meu amor assusta as pessoas, e tenho que guardá-lo comigo. Muitas Kátias vieram, em diferentes épocas, com alguns beijos em vez de apertos de mão, mas o final sempre o mesmo... O menino tímido acaba sozinho, em um canto, no fim da festa.

domingo, 16 de novembro de 2008

Tempo bom que não volta nunca mais.

Depois de mais de uma semana, acho eu, sem computador, estou de volta ao mundo virtual nesse dia modorrento de domingo, quando olho pra janela e vejo as pessoas andando no Minhocão e lembro dos domingos da época que eu morava na roça.
Domingo costumava ser meu dia predileto. Acordava mais tarde e depois de dar comida pras galinhas, porcos e demais bichos do sítio era a hora de tomar banho e pôr uma roupa nova. Adorava vestir a roupa nova, embora ela não fosse pra sair no terreiro, ou era surra na certa. Mas aí, podíamos brincar dentro de casa, eu e meu primo mais velho, que sempre escolhia os brinquedos mais novos. Quando minha avó estava de bom humor, podíamos ir brincar com o Cafi, que era meu melhor amigo na época. Cafi era filho da hippie que morava no sítio da frente, e tanto ele como sua família foram responsáveis por muitos momentos de felicidade na minha infância. Eu e Cafi e o Nêgo, meu primo, brincávamos de playmobil, às vezes com nossos carrinhos a pilha, tudo com muito cuidado, pra não sujar a roupa e ganhar a surra prometida.
Depois disso, éramos chamados aos gritos pra almoçar. Ah! O almoço! Macarronada com bastante queijo ralado, galinha e tutu de feijão! Era o único dia da semana que podíamos comer carne em casa. Não que faltasse, mas durante a semana tinha que comer verdura. Depois do almoço, minha tia arrumava a gente e levava pra passear na Rua, como chamávamos o lugarejo mais próximo do sítio, Correia de Almeida.
Correia de Almeida, a Rua, parece uma cidadezinha cenográfia, com pracinha no meio e o resto tudo em volta. As crianças ficam brincando pela praça e de vez em quando são chamadas por um ou outro adulto pra fazer um mandado, tipo comprar cigarro, essas coisas que eles têm preguiça de fazer. Eu adorava fazer mandado pros outros, sempre rolava umas moedinhas. Depois de andar um pouco na praça íamos na casa das tias, onde sempre tinha café e broa de milho esperando por uma visitinha. Antes de escurecer tínhamos que voltar pra casa. Chegávamos, tirávamos a roupa nova, tomávamos banho e colocávamos o pijama. Me lembro q eu tinha um de flanela, com florzinhas azuis miudinhas, azuis, que eu adorava.
Hora da janta, de correr pra não ter que comer as costelas ou o pé da galinha, que provavelmente seria o que ia sobrar pra os retardatários. Víamos os Trapalhões, todos juntos e íamos dormir. A segunda-feira nos aguardava, junto com a contagem regressiva para um próximo domingo.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Da dificuldade de encontrar o meu lugar

Minhas origens sempre foram um mistério. Uns dizem que tenho cara de boliviano, un dizem mexicano, outros acham que sou japonês. A verdade é que eu também não sei. Desconfio que meus olhos puxados venham de herança indígena, porque se vocês virem a minha avó dirão que é uma índia velha de cabelos encaracolados. Também nada posso afirmar com certeza sobre minhas raízes, pois a única coisa que sei de meu pai é o primeiro nome, que me disseram ser Carlos.
A família de minha mãe é composta, 90% de negros. Meu falecido avô era tão negro que brilhava à luz do sol, minha mãe é um pouco mais morena que eu, o que se deve ao sol que toma todas as manhãs, mas por incrível que pareça, entre meus primos eu era considerado branco. Era considerado por eles como sendo mais fraco, ninguém me chamava pra brincar de muita coisa, porque segundo eles o "branquelo" ia se machucar e chorar, e chorar era comigo mesmo. Não podia cair e me ver machucado que chorava como se não houvesse amanhã. Então aprendi a brincar sozinho, o que foi bom de uma certa forma, porque aprendi a ler e desenhar.
Já na escola, eu conseguia me misturar mais, por haver crianças de todas as raças. Até que minha mãe resolve entrar na minha história.
Minha mãe trabalhava e morava no Rio de Janeiro. Ia em Minas me ver de dois em 2 meses, às vezes de 3 em 3, e assim eu seguia crescendo e tendo ela como uma visita, e minha avó como mãe. Eu estudava em um dos melhores colégios da cidade, pois minha mãe achava que o melhor que ela podia me dar era pagar colégios caros, e economizava pra isso. Economizava também no carinho, nos abraços. Tanto que eu fiquei chocado no dia que vi um coleguinha meu de escola ganhando um beijo no rosto quando fora deixado no portão. Perguntei escandalizado:
_Sua mãe te beija?
_Minha mãe e meu pai, ué.
Não consegui pensar em nada. Minha mãe nunca me beijava e pai eu nem nunca soube o que era.
Um dia, em uma dessa de suas idas a Minas, minha mãe disse que precisava resolver uns probemase pediu que eu esperasse ela na porta do colégio. Estudava no Colégio Imaculada Conceição, regido por freiras que devem estar ardendo no inferno a uma hora dessas (outro dia explico o porquê).
Espalhei pra todos os meus amigos, que eram pouquíssimos por sinal e na verdade eram só meninas, que minha mãe iria ao colégio e eu ia me encontrar com ela no portão. Na hora da saída enchi o meu peito e fui, com umas 3 meninas em direção ao portão. Lá estava ela.
_Alá, minha mãe tá lá!
_Cadê, Charles?
_Ali ó, no canto do portão, me esperando.
_Onde? Atrás daquela preta?
Adivinhem quem era a preta que apontaram.
Fiquei mudo, andei mais rápido, peguei minha mãe pela mão, olhei com um misto de tristeza e decepção para as três, que não sabiam onde enfiar a cara, desde então eu percebi que meu lugar não era ali.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Experimentações, talvez tudo tenha começado aqui.

Cresci numa casa com muitas mulheres. Se fossem sete, eu teria escrito um livro e tinha virado minissérie na Globo. Mas ao menos 3 ou 4 sempre estavam por perto. E mulher é tudo vaidosa, principalmente as de minha família, que não são lá bem dotadas de beleza natural e apelam pra todos os truques possíveis da química e da tecnologia moderna. Sendo assim, sempre fui muito vaidoso, a ponto de me besuntar de pomada minâncora dos pés à cabeça quando tinha 3 anos de idade (história contada pela minnha avó) e aparecer pelado, na cozinha parecendo um fantasma e dizer todo orgulhoso: " Olha mãe, passei todo o seu creme!". Fato que me rendeu umas palmadas e um banho com água quente, poderia ter sido aguarrás, pra remover o troço.
Pois bem, já com 6 anos e na primeira série, porque eu era adiantado e aprendi a ler sozinho, entro no banheiro depois de minha tia tomar banho e vejo um objeto azul... Um barbeador! Peguei e tranquei a porta. Por uma razão que eu nunca entendi, o armarinho com o espelho do banheiro lá de minha casa em Minas, em vez de ficar em cima da pia, fica bem alto oposto ao vaso sanitário. Subi no vaso e deu pra ver minha cara toda no espelho. Pegeuei o barbeador e já na primeira, que fazia tchan, foi-se minha sobrancelha esquerda. Batidas na porta.
_ Charles! Abre que eu esqueci meu prestobarba!
Suei frio, sabia que eu tinha feito merda. Abri a porta, já monocelha!
_ Mãaaaaaaae, vem ver o que o Charles fez!
Comecei a chorar, já imaginando a surra por ter mexido onde não devia. Em vez de palmadas, uma explosão de risos. Todo mundo da família chegando, apontando pra minha cara e rindo.
Jurei que não sairia mais de casa, nunca mais. Fui forçado a ir pra escola, e implorar pra ir de boné não surtiu efeito algum.
_Não queria ficar bonito? Agora vai assim, bonito!
Até crescer de novo, fui chamado de Carequinha... Meu palhaço favorito se tornou o pior apelido da minha infância.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O sonho

Era uma tarde e tinha acabado de chover. O cheiro de terra molhada sempre me fascinou. Saí de casa, e, sem que ninguém visse comecei a correr pelo jardim descontroladamente. Rodopiava e girava, e corria... Ia de árvore em árvore, de flor em flor. De repente me veio uma idéia malígna à cabeça. Minha avó sempre teve muito ciúme de suas rosas, vermelho-escuro como sangue. Não havia quem ousasse se aproximar do tal canteiro, eram sagradas. Pois bem, invadi o canteiro. Abri o zíper e comecei a fazer xixi, rodopiando, molhando todas as rosas com fartura. Podia sentir o alívio de tal ato. Foi assim que com 23 anos eu fiz xixi na cama e acordei molhado dos pés à cabeça!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Hosptalidade Mineira

Quem acha que todo mineiro é hospitaleiro não conhece minha família. Não digo minha avó e minhas tias, porque estas sempre fizeram o que podiam e que não podiam pra receber bem quem quer que fosse. Porém, nem todos são assim. Tinha uma tia que andava com a chave do guarda-comida pendurada no pescoço. Guarda-comida, pra quem não sabe, é um gabinete que se tem na dispensa onde se guarda os mantimentos e a comida pronta, algo que entrou em desuso já que até na roça todo mundo já tem geladeira. Onde quer que ela fosse, a bendita da chave tava lá firme e forte. Já tinha outra que ao fazer a comida, comia primeiro e depois, quando já satisfeita, tacava água no feijão e só então chamava o marido e os filhos pra comer. Mas o melhor mesmo era a tia, qua aqui chamarei de Maria pra não levantar suspeitas. Essa, enquanto as visitas não iam embora, se recusava mesmo a tomar água pra não ter que oferecer nada a ninguém. 
Sabendo disso, meus primos sacanas resolveram armar uma pra cima dela, observaram-na por dias e resolveram visitá-la bem na hora do almoço. Esperaram e, quando ela estava botando a toalha na mesa, entraram na cozinha:
_Aí, tia Maria! Chegamos na hora boa, hein?
Eis que ela, no sacudir da toalha, nem pestanejou:
_ Nada, meninos. Estou acabando de tirar a mesa do almoço. Chegaram atrasados.

sábado, 25 de outubro de 2008

Como age o destino

Acho que era novembro, não me lembro bem. Estava sentado com minha avó na varanda quando ele chegou cambaleante e parou na nossa frente. Fingi que ele não estava ali, me aconcheguei no colo da mãe-vó e a abracei.
_ Pode debochar da minha cara, viadinho.
Por um momento achei que não fosse comigo, mas logo senti algo com uma força descomunal me puxar pela camisa. Consegui, como que por milagre, me desvencilhar daquelas mãos. Minha avó se levantou assustada e logo estavam todos na cozinha.
_ Ele é um fresco, uma bicha. Fica tirando sarro da minha cara, mas daqui ele não sai vivo hoje!
Gelei, porque aquilo era mesmo comigo. Corri pro meu quarto e fechei a porta. Enquanto ele tentava arrombá-la eu pulei pela janela. Fui em direção à casa de meu tio que era perto. Quando vi, ele estava atrás de mim. Não haviam conseguido conter sua força, mesmo estando bêbado. Gritei por meu tio que apareceu e já se deu conta do que estava acontencendo. Abriu a porta e mandou eu sair pelos fundos. Os dois se pegaram e já correndo pra longe, me disseram q ele estava com uma faca. Voltei em direção à minha casa, porém dessa vez passei direto. Corria muito, como nunca havia feito antes. O lugar pra onde queira ir ficava a 3km dali,  os pés que já estavam sem as sandálias doíam, mas eu não parava. Passei pelo meio do arraial, sujo, descalço e suado de tanto correr. Pessoas me olhando com cara de espanto. Achei refúgio. 
A casa da tia Fulô era o lugar mais seguro, todos respeitavam sua velhice e sua candura. Fiquei trancado ali, que desde então passou a ser minha casa. Não o vi mais, por um bom tempo, andava com medo pra ir pra escola e pra voltar pra casa. Tomou-se a decisão. O menino tem que ir pra São Paulo. E foi assim que vim parar aqui.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sobre a origem das coisas

Todo sítio do interior de Minas, pelo menos antigamente era assim, tem uma vala por onde se escoa o esgoto que fica a uns 10 metros da casa. Sempre eu via minha avó se esgueirar por perto daquela vala e cortar uns matinhos verdes que a circundavam. Um dia, eu a segui pra saber que tal matinho era esse. Fiquei chocado, mas ela prometeu uma surra caso eu revelasse.
Hora do almoço, tínhamos visitas em casa. Todo mundo comendo, elogiando a comida. Uma amiga da casa notou que eu não queria comer, e estava emburrado.
_ Charlesinho, você não vai comer não? O agrião tá tão gostoso!
_Eu não! Sabe de onde vem esse agrião? Da vala de bosta!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cheiros e gostos de uma vida

Eu moro em São Paulo há 12 anos, porém sou do interior de Minas Gerais. Fui criado na zona rural de uma cidadezinha chamada Barbacena, que já não é mais tão cidadezinha. E uma das coisas que me fazem pensar nessa época, são os cheiros e gostos que ficaram em minha memória.
Me lembro que acordava cedo, com o galo cantando e Zé Bétio no rádio. Dormia com minha avó, coisa que fiz até os 13 anos de idade, sem vergonha nenhuma, porque ela dormia em quarto separado do meu avô e eu era a costelinha dela, como ela me chamava. Fui criado por ela, e até hoje a chamo de mãe, coisa que minha mãe de verdade não deve gostar muito. Ela levantava assim que o galo cantava, acendia o fogão  a lenha e fazia aquele café cujo cheiro entrava pelos quartos e dizia a todos que era hora de levantar. E o gosto, aquel café tinha gosto de agradecimento, por estar de pé mais um dia pra apreciar a vida. Depois era hora de ir pra escola.
Quando eu voltava da escola, meu prato estava lá no cantinho do fogão me esperando. A mãe me olhava, vigiando eu comer aquele prato que tinha gosto de todo o amor que ela sempre teve por mim, mesmo com seus rompantes de raiva e as surras que me dava, muitas vezes merecidas.
A tarde não demorava a chegar, junto com ela vinha o cheirinho da broa de fubá, com o gosto do descanso de estar trabalhando o dia todo. Dificilmente jantávamos, mas tinha o leite com gosto e cheiro de chocolate, que trazia consigo o conforto da cama e o descanso... Eram esses os gostos que nenhum chef jamais ousou reproduzir, que ficaram ra trás e só eu os saberei.
Porémum dia, ao chegar em casa pro almoço, vejo minha mãe chorando enquanto fazia a comida, coisa que geralmente acontecia mais cedo. Fiquei observando sem perguntar o por quê. Enquanto ficava ali, sem saber o que fazer, sofrendo junto com minha mãezinha, notei que lágrimas discretas caíam de seu rosto e uma delas caiu, sem que ela percebesse, dentro da panela de feijão. Não falei nada... Na hora de comer, pensei em recusar o feijão, com um pouco de nojo. Mas ao olhar o carinho com que ela preparava o prato eu não tive coragem de recusar. Mas foi nesse dia que eu senti, pela primeira vez, o gosto da tristeza.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Sobre o banho

Alguns se assustam quando eu falo que eu não tomo banho todos os dias. Acham que eu não gosto de tomar banho. Me chamam de porco e outras coisas que não publicarei aqui sob o risco de denegrir minha imagem. Mas  eu pergunto a vocês. Qual é o problema de eu não tomar banho todos os dias? Vou além. Quem disse que é necessário tomar banho todos os dias?
Aprendam comigo uma coisa, prestem atenção no tio Charlie. Tomar banho todos os dias não faz de ninguém uma pessoa limpa. Conheço muita gente que toma banho a cada quatro horas, mas não lava as mãos quando sai do banheiro, e há também pessoas capazes das piores nojeiras que são aparenteente limpas.
Gosto de tomar banho. Quando entro no banheiro com tempo chego a ficar meia hora ou mais. Porém, eu tomo banho por necessidade e não por obrigação.  Quem já passou um tempo comigo e/ou dormiu junto comigo na mesma cama sabe que eu sou uma pessoa limpíssima e muito cheirosa. Ando sempre com meu desodorante em dia e com lenços umedecidos na bolsa.
Mas aí perguntam, e se der vontade de fazer o número 2? Lenços umedecidos e aí sim, ao chegar em casa ou se já estiver nela, uma ducha imediata.
Por que esse assunto agora? Simples. Aqui em São Paulo tá fazendo 36º, coisa q dificilmente se vê. E, contrariando os meus princípios, estou prestes a tomar o segundo banho hoje. Sendo que ontem eu já tomei 3. Ou seja, que ninguém mais venha me chamar de porco, porque só nesses dias de calor eu tomei todos os banhos que "pulei" o inverno inteiro. É só!

domingo, 12 de outubro de 2008

These are the thoughts

Depois de uma semana tentando organizar meus pensamentos, hoje eu resolvi escrever. Foram dias muito atribulados e importantes, não pelos fatos em si, mas pelo que eles causaram em minha vida.
Na segunda-feira, acabando de sair da primeira aula, recebi a notícia que meu avô tinha falecido. Reagi com tranquilidade por dois motivos. Primeiro que eu sei que ninguém é eterno e meu avô doente com 87 anos não seria o primeiro a sê-lo, ainda mais depois de dois derrames. Segundo, poque meu avô nunca foi uma pessoa presente na minha vida, por N fatores que não cabem ser enumerados, e que ele descanse em paz. Enfim, como família é família e minha avó, que me criou, é também minha mãe, resolvi ir pra Minas pra dar uma força. Sentei ao computador, escrevi meia duzia de e-mails, cancelei três ou quatro aulas e rumei pra Minas com minha mãe (a biológica) e minha tia (que chamo carinhosamente em sua ausência de Estrupício). Viagem chata, com tempo chuvoso, interminável e exaustiva. Depois de mais de 10 horas na estrada por não acharmos ônibus que fosse direto chegamos em casa. Era tarde da noite, a casa aberta e meu avõ, que era negro, parecendo um preto-velho com seu terno branco em um caixão envolto em crisântemos brancos e amarelos. Nunca entendi porque os defuntos têm que ser mergulhados em uma piscina de flores, só com a cabeça, o peito e as mãos pra fora. Parece que o resto do corpo não está ali, acho meio bizarro. Uma noite sem dormir, velando o defunto à moda caipira.
O velório à moda caipira é assim. O morto fica na sala de visitas, com uma carola e umas rezadeiras que de tempos em tempos encomendam a alma com um terço. Os quartos viram local de domínio público, qualquer um que esteja na casa, seja ou não seja da família larga o seu esqueleto onde bem entende e puxa o ronco ali mesmo. Em uma outra sala, ficam os mais sérios, lembrando as aventuras do morto, e dizendo o quanto ele era bom e querido e etc. Nas cozinhas, porque as casas mineiras mais modernas têm uma cozinha a lenha e uma cozinha a gás, fica a parte mais animada, com os mais jovens que falam merda, contam piada, riem e de tempos em tempos recebem ali os mais tristes, incuindo a viúva e parentes mais próximos, para levantar o astral da galera. Nesse local também se encontram os quitutes que são: torradas, bolinho de chuva, broa de milho, bolo de fubá e o famoso pão com mortadela que não pode faltar. Eventualmente toma-se uma lambada de pinga e muito, mas muito café.
No outro dia de manhã, após dormir apenas uma hora, começaram a chegar os outros parentes, inculsive dentre eles uma mulher com uma peruca de cabelo de boneca que, confesso, me causou medo. Gente que nunca víamos, principalmente eu que moro em São Paulo, iam chegando, abraçando e cumprimentando... Enfim... Tava tudo ficando cansativo, quando chegou a hora de fechar o caixão.
Chegou o carro da funerária, que trouxe também um ônibus pra levar geral pro cemitério, e desse carro desce uma mulher com uma capa de lã escura e cabelos escovados à moda boneca que tinha a voz aguda como uma gralha. Era a Ministra de Cristo. A mulher encomendou oficialmente a alma e entoou um cântico que só ela sabia. Todo mundo só canta o "Segura na mão de Deus e vai", mas dessa vez o show foi solo. A gralha cantou, fez uma piadinha que eu não lembro, mas sei que foi de mau-gosto e começaram a tampar o caixão. Nessa hora, minha tia, que mora em Minas, que também é minha madrinha, começou a chorar, como eu nunca havia visto ela fazer e não segurei. Chorei tanto que desisti de ir ao cemitério. Fiquei em casa com a minha avó. Lição número 1, compartilhar a dor alheia faz com que ela seja mais fácil de suportar.
Passei o resto de dia em Minas, e à noite, ainda sem dormir viajei sozinho pra São Paulo, onde cheguei às seis da manhã do outro dia, passei em casa e fui direto pro trabalho.
Chegando em casa, me preparando pra dormir, não resisti e entrei na internet, pois tava morrendo de saudade de umas pessoas, ou seria uma pessoa? Enfim... E encontrei o post abaixo, que foi a outra lição da semana. Não importa o quanto você sofra ou se sinta mal, sempre vai estar por perto uma pessoa que te ama muito, independente do que você faça e de onde ela esteja. E vi que você, Ravel ( sei que você está lendo), é muito mais que um amigo e qualquer outra coisa que possam achar. Não tenho como definir o que você tem representado pra mim nos últimos meses, porque como não havia outro assim antes de você ainda não inventaram a palavra. Obrigado por tudo. Pelas conversas, pelas broncas, pelas palavras de carinho, pelo ombro-amigo via embratel e saiba que não há nada que eu faça, nem dinheiro algum que possa retribuir o que você tem feito por mim. Te amo, magrelo!
É isso que eu queria dizer, Não vou reler porquê tenho certeza q o texto ficou meio desconexo!

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Com todo o meu coração!

É meia noite e cinquenta. Eu descobrir desde ontem e hoje constatei que não sei mais o que é internet sem você online, as horas parecem não passar e não se tem muita coisa para fazer, tudo parece limitado, bloqueado.
Des de o dia em que você viajou me senti tão sozinho, pois você, hoje, é meu único amigo aqui em Ilhéus. Sim, meu amigo de Ilhéus. Você está comigo a todo tempo e sinto a sua presença onde eu ando, por mais que eu só fale com vc algumas horas por dia, mas sei que se eu quiser correr chorando pra alguém [sim, não sou tão durão quanto pareço], vcalí do meu lado e por mais que pareça ser mais frágil do que eu, não é. Eu que sempre desisto das coisas, que ligo chorando, que deito triste e que acordo indisposto. Você não! Você tá alí, firme e forte, chorando com meia dúzias de palavras bobas, mas não entrega nenhum dos pontos, ao contrário de mim que jogo tudo para o ar.
Espero que sua viagem tenha sido boa, sei que nessas condições não poderiam ser, mas desejo que tenha sido boa no que ela poderia ter lhe oferecido de bom.
Algumas pessoas acham que somos namoradinhos de internet, ou que temos uma paixão virtual um pelo outro, mas mal sabem eles que o que temos é mais do que qualquer namoro. Os namoros são limitados. Namorados não falam dos seus desejos mais profundos, a maioria dos namorados não admitem seus medos e nem debatem sobre como vêem outras pessoas e nós fazemos tudo isso. Somos amigos, amantes, irmãos, namorados, vizinhos e qualquer outra denominação positiva que se possa dá para duas pessoas ou talvez uma só. Estamos começando a desenvolver a arte de entender o que o outro sente pelo timbre de voz ou até mesmo a forma que se responde no msn, olha que o msn é uma das formas mais frias de comunicação [mas é o que temos em nossa disposição e nos viramos muito bem com ele], então podemos dizer que se sentes o que sinto somos um?
Eu acho que nunca te agradeci tudo que você tem feito por mim como eu devo agradecer. NINGUÉM no mundo sabe o quanto vc me ajuda em todo e qualquer sentido de minha [atual] vida. Então estou aqui para humildemente agradecer todos os bons atos que tem oferecido a mim. Obrigado! De coração. Espero que eu esteja um dia a sua altura e possa ser uma pessoa tão boa quanto é, conseguindo retribuir todo gesto de carinho. 
Sou uma pessoa que não sabe muito falar dos sentimentos e talvez não saiba nem os sentir direito, então vim aqui espremer o que meus dedos conseguissem digitar.

Então encerro aqui pois acho que já contribuir o bastante para a empresa de lenços de papel a uma altura dessa do post.

Te amo meu irmão. Obrigado por tá do meu lado em [mais] uma época complicada de minha vida.

De uma pessoa que todos os dias quando coloca a cabeça no travesseiro reza pra você ficar rico e me bancar por você e agradece a Deus por ter os melhores amigos que poderiam ser oferecidos à mim.
Ravel.



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Experimentações II

Dia de chuva, a pessoa em casa sem ter muito o que fazer começa a pensar. E gente como eu é assim, começou a pensar... FODEU! Foi exatamente o que aconteceu quando eu tinha uns 19 anos e já morava aqui em São Paulo. Em um desses dias de chuva, pra não pensar merda, peguei uma revista pra ler. Eis que me deparo com um texto do Veríssimo em que ele narra o dia em que ele experimentou um absorvente higiênico. Pensei "Será?" Fui até o armário da minha mãe e chequei, tinha com aba, sem aba, com flocgel, sem flocgel... Peguei o mais bonito! Na hora de colocar, eu me lembro que foi muito difícil, porque vc tem que tirar a proteção do adesivo e lembrar de grudar imediatamente na calc... cue... o que quer que você esteja usando.  Estraguei uns 3, porque uma vez que o adesivo gruda no plástico, nunca mais sai. Coloquei uma bermuda, andei pelo quarto... Pulei, sacudi e dei umas corridinhas pelo quarto. Não caiu. Humm... Acho que vou na rua, pra ver como é. Se Veríssimo pode, eu também posso. Ponho minhas havaianas e vou pro mercado. É impressionante como as pessoas sabem olhar diretamente na sua cara quando você está se sentindo desconfortável. E andar com as pernas entreabertas não é das tarefas mais fáceis do mundo. Mulher mesntruada anda de salto? Enfim... Com a elegância de um ganso com dor no cóccix eu fui caminhando por entre as prateleiras. Vou andando aqui, vendo um chocolatinho, pesquisando preço quando de repente escuto um barulho: "Pluft". Uma senhora do lado,que devia ter uns 142 anos, abriu a boca com olhar de descrença, olhou pro chão e olhou pra minha cara escarlate. Me escondi atrás da primeira gõndola e, como quem nada quer, larguei as compras em um canto qualquer. Menos de 5 minutos depois estava em casa, esbaforido. Parabéns Veríssimo! Tu é muito macho!

domingo, 28 de setembro de 2008

Experimentações!

Eu tenho um sério problema com meus impulsos. Eu os sigo. Basta eu botar na cabela que vou fazer uma coisa eu vou e faço. E nem sempre isso resulta em algo bom. Desde criança sempre fui doido pra trabalhar em circo, essas coisas. Achava incríevel ter habilidades tais como cospir fogo, andar de perna-de-pau, "balangar" no trapézio, coisas assim... O trapézio que monteino abacateiro do sítio de minha avó, onde morei atpe os 16 anos, me deu um tombo que quase quebro o pescoço. Além disso, minha avó batia na gente quando a gente se machucava, pra aprender a não se machucar mais. Anos mais tarde, tentei a perna-de-pau, outro tombo e outra coça bem dada. Parei com as minhas tentativas de ser um saltimbanco. Aos 17 anos, já aqui em Sampa, fui testar minha habilidade na pirofagia, não tem nada a ver com engolir pirocas, é engolir fogo- ou cuspir! Estava ligeiramente alcoolizado, o que quase fez de mim uma tocha humana. Peguei o vidro de álcool Zulu, enchi um copo e abocanhei o máximo que podia. Acendi um troço qualquer, apaguei a luz e dei uma "guspida" o fogo pegou no álcool, e pulou na cortina de poliéster da cozinha, que instanataneamente virou uma massa disforme pendurada num pau. Um dia, aí já com uns 20 anos, também meio embriagado, queria saber asensação de se andar nu pelas ruas. Acho q foi porque tinha acabado de ver aquele filme com o Cláudio Marzo, se não me engano. Morava na zona leste na época. Pegeuei um casacão, tirei toda a roupa e joguei o casaco por cima. Desci com o casaco e um par de havaianas. Devia ser umas duas da manhã. Cheguei no ponto do ônibus da Av. Sapopemba, emfrente às Casas Bahia do Grimaldi, depoistei o casaco lá e, cheio de coragem, dei uma corrida em ziguezague até a entrada do Wall-mart, com o pinto chicoteando a virilha. Não sei se a aventura me cegou, mas não me lembro de ninguém ter visto a cena. Voltei correndo pra casa e quase esqueço o casaco no ponto do ônibus. Dormi como um bebê naqquela noite, coberto com o tal casaco e com a sensação de missão cumprida!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

ADHD strikes again!

Foda, às vezes queria fazer um tratamento pro meu TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade). Faço umas coisas qe acho que nenhum ser humano é capaz.
Ontem, como estou numa relação meio complicada com minha mãe resolvi sair com ela. No meio do caminho, senti que algo estava desconfortável, senti um lado meu mais umedecido que o outro... Pois sim, passei desodorante duas vezes de um lado só! Nada demais, só tive que evitar andar muito rápido e tal, e ainda bem que nem tava frio.
Porém, a coisa tem ficado grave, a ponto de eu não entender uma simples receita. Estava eu em casa, quando Ravel enfia na cabeça de fazer o bolo de caneca que el viu no blog do Clayton. Como eu tenho a alma (e agora o corpo) de gordo, resolvi fazer. Pois bem... Fiz direitinho, mas na hora que o microondas apitou, uma fumaça do caralho. O bolo ficou preto no meio e duro que nem um pau. Beleza, achei que era por eu ter colocado uma colher amais de farinha porque não tinha chocolate em pó. Ontem, com fome às 11 da noite, falo de novo com Ravel:
_ Meu, vou tentar fazer o bolo de novo!
_Tentar? Da outra vez não conseguiu?
_Não, lembra que eu falei que queimou. Dessa vez, em vez de 10 minutos, vou por só 8 e na potência 7.
_o.O! Não é pra por 3 minutos?
_Ah é? Eita, agora eu descobri porque o meu queimou!

sábado, 20 de setembro de 2008

Pra que essa cara tão esticada, vovozinha?


O que aconteceram com as vovozinhas de antigamente?
Estava andando outro dia em um shopping center e vi que praticamente não existem mais mulheres com cara de senhoras como antigamente. Ontem mesmo, pela manhã, fui dar minha aula de inglês na Faria Lima, quando ao entrar no elevador veio uma senhora sorrindo em minha direção. Achei estranho, nunca tinha visto essa senhora em lugar algum, mas sorri de volta. Quando ela chegou perto eu vi com espanto que aquilo não era um sorriso. A cara da mulher tava repuxada, uma coisa bizarríssima, em lembrando a Carmelita Baruerink da Vega, personagem da Graziella Moretto. 
Tenho muitas amigas que não aparentam a idade que têm, mas não se vê nada artificial nelas. Acho que cada qual tem que fazer o que tem vontade pra ficar bonito, mas não precisa se descaracterizar. Mas as vovós paulistanas estão cada vez mais salientes, e querem competir com as filhas os elogios dos "rapagões" que elas encontram nas ruas. O mais foda porém, é a cara novinha com aquela mão de Moon-ha e o pescoço de peru. Queria andar na rua e encontrar mais senhorinhas de vestidinhos com cabelo azul e twin-set de lã. Porém, acho mesmo que o Lobo Mau comeu a vovozinha, e as que sobraram querem se fantasiar de obras do Madame Tussaud.
Ou então, elas pegam a roupa da própria netinha e saem por aí, pregando peças nos incautos!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Lágrimas de um amigo...

Queria ter o poder de poupar meus amigos da dor. Da pior de todas as dores, daque vem de dentro, da dor do sofrimento, da angústia...
Minha relação com a dor é antiga. Dor física é algo que, dependendo da intensidade, pode ser até agradável. Quando pequeno, aprendi a suportar a dor, apanhava e tinha que aguentar calado, senão apanhava mais. Depois da dor vinha a vergonha de ostentar as marcas que ela deixavam sem poder falar nada. Sofri também a dor do preconceito, por ser filho de uma negra que trabalhava em casa de família pra me criar. Em casa, com meus primos, era considerado branco, ridicularizado e sofri também a dor da exclusão. Sofri a dor da perda, de amigos, de entes queridos... Mas a dor de ver quem você ama sofrendo é a pior dor que eu já senti, embora eu tente disfarçar. Tenho vontade de tomá-la para mim, que já me acostumei a sentir seu incômodo toque, seu gosto amargo. Eu que já carreguei a dor na pele, em roxos de diferentes tonalidades...
Mas não sei e não consigo, por mais que eu tente, incorporar a dor de quem sofre ao meu redor...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Enquanto isso, na Sibéria....

Quem me conhece sabe que eu tô passando por uns problemas aqui em casa com um roomate que entrou no meu room e esqueceu que ele tinha que ser mate. Enfim, como eu venho pagando 90% das contas, resolvi ligar na NET pra cancelar a TV a cabo, ou reduzir o pacote de canais. Tarefa fácil!
Depois de passar pelos 385 menus, consegui falar com uma antendente:
_Então, gostaria de cancelar o plano gold da TV e pegar um beeem mais barato. Ou então cancelar de vez a TV a cabo e ficar com só o telefone e a Internet.
_Mas senhor, se cancelar a TV, o senhor sairá do NET combo, então seu valor em vez de diminuir, irá aumentar.
_OK! Então reduz aí meu pacote de canais, e telefone e internet continuam.
_ Mas senhor, o senhor abrirá mão de todos os canais de filmes da HBO e da rede telecine, e mais os canais sportv?
_Sim. Reduz aí!
_Mas senhor, pense bem, são mais de 40 canais que o senhor vai abrir mão, pensa bem. São muitos filmes e programas de televisão que o senhor não verá mais.
_Minha filha, entenda uma coisa: eu trabalho e NÃO tenho tempo pra ver tudo isso, por isso quero cancelar, porque eu pago sozinho uma coisa que eu não aproveito.
_Mas senhor, temos as opções de filmes inéditos pros fins de semana. O senhor abrirá mão disso?
_Sim, se eu quiser ver filme e vou ao cinema, quatro filmes por mês dá 52 reais, mais barato do que o valor que tá a mais e eu estou pagando pra vocês.
_Mas senhor, e se vier uma visita na sua casa?
_Pretendo conversar com ela, não jogar a pessoa no sofá pra ver televisão. É isso que você faz na sua casa?
_Não precisa se alterar, senhor.
_Não estou me alterando, estou falando de um jeito que você entende. Dá pra cancelar?
_Mas senhor, são mais de 10 canais de filme...
_Escuta aqui, moça. Quantos canais você consegue assistir ao mesmo tempo com apenas UM televisor em casa?
_ Apenas um, senhor.
_Deixa esse um e cancela o resto! Pegou?
_Tudo bem senhor, mas o senhor vai estar abrindo mão de nossos ótimos canais de filmes.
_Se você quer tanto que eu veja esses canais, bota eles aí de graça! Tá bom assim?
_Tudo bem, senhor. O cancelamento está sendo feito. Aguarde um momento... Mais um momento... Mais um momento...
_Filha, eu tenho que ir trabalhar, não dá pra você fazer isso sozinha enquanto eu vou? Preciso ficar na linha pra quê? Mandar vibração positiva pra você?
_Faz parte do procedimento, senhor.
_Ok...
_Mais um momento... Mais um momento... Pronto! Obrigado por aguardar. Deseja anotar o protocolo?
_ Pra quê? Essa porra não serve pra nada depois.
_Não precisa se alterar, senhor. Foi apenas uma sugestão e tenha uma boa tarde.
_Ah, vá!

sábado, 13 de setembro de 2008

Sonhos realizados

Quando me mudei pra São Paulo, minha companhia era o rádio e a televisão. Não conhecia nada, não tinha amigos e etc. Nessa época, duas coisas me chamavam a atenção: telojornal Fala Brasil, da Record, e o programa Pânico, da Jovem Pan FM. O primeiro tinha uma moça baixinha de cabelo curtinho chamada Rosana Hermann que, embora dividisse a bancada com outros apresentadores, chamava minha atenção por ser extremanete simpática e pelos comentários que fazia. Fala Brasil começou a ser meu café da manhã! O segundo, tinha Emílio Surita, que com uma inteligência fantástica e humor rápido e afiado, comandava o programa de rádio com outros rádio-humoristas (eu chamo assim). Eu saía da escola e punha meu walkman, sim tenho 30 anos e tive um, na rádio 100,9 e vinha no ônibus rindo que nem um doido até chegar em casa.
Além de serem programas apresentados por essas pessoas que eu já citei, eram completamente diferentes do que eu via TV Globo, única coisa que pega até hoje no sítio da minha avó, e da rádio Sucesso FM de Barbacena, na época também única que tocara ve sertanejo a Heavy metal, procurando agradar a todos os ouvintes independente do gosto musical.
Pois um dia eu pensei assim: "porra, ia ser foda se um dia eu conhecesse esses dois". Ainda mais que depois de um tempo, juntou-se a fome com a vontade de comer e Rosana começou a trabalhar no Pânico, colocando sua inteligência a favor do humor, sem contar que tinha o blog Farofa que digivoluiu para o Querido leitor, que me fez encher o saco do povo com o plástico-bolha virtual, a musiquinha do Pikachu, que hoje anda bombando por aí, mas Rosana já conhece isso de longa data, e também com o tradutor do Mussum, que eu não acho mais.
Enfim... Daí que, como eu já disse aqui antes, eu conheci a Lelê esse ano e sexta ela ia ser entrevistada no Pânico junto com os outros membros do TDUD? (clica no nome dela que entra gostoso). Sabendo disso, eu pensei o quê? Aproveito que Lele vai estar na Paulista, provavelmenta Ana Paula Xavier, já falei dela aqui, vai estar junto. Chamo a Ana pra toamr uns gorós enquato a Lelê dá entrevista e depois a gente almoça tudo junto!
Pois sem saber dessa historinha daí de cima, juro por Deus, Lelê marca de se encontrar com quem? Rosana Hermann! There you go! Fui apresentado à minha comunicóloga favorita, assim, como quem nada quer, em um café na Av. Paulista. Não bastasse isso, ela ainda botou a gente pra dentro da rádio junto com ela e conheci não só Emílio, como quase toda a galera do Pânico, mais a Polly e o Didi, que escrevem o blog junto com ela. Porra... Foi um dos dias mais fodas da minha vida. A começar que Rosana é supersimpática, e aquela vozinha alegre e rouca é uma delícia de se ouvir ao vivo, sem contar o sorriso, que sai do estúdio de TV e a acompanha por aí... E o povo do Pânico, caralho... Tudo mega gente boa e tals...
Enfim... Sem saber, Lelê é minha fada-madrinha. realizou dois sonhos meus em um dia só.
Tipos que ela não deve ter entendido nada, quando depois de tudo ter acabado, eu dei um super abraço nela na hora da gente se despedir e disse "Muito obrigado!"
Pois é... As coisas, quando a gente quer muito, acontecem... E não precisa fazer uso de artifícios pra que elas aconteçam... Acho q as pessoas, por serem elas mesmas, conquistam o mundo. Foi assim que eu conquistei uma das melhores amizades que eu já tive, e ganhei de quebra uma fada-madrinha acidental!
Amo vc, loira!

domingo, 7 de setembro de 2008

Da arte da compreensão

É muito difícil lidar com as pessoas. Nunca ninguém vai chegar com uma fórmula secreta que permite saber o que cada um pensa, por quê cada um age de uma certa forma. E, asim, procurar entender a razão de tudo também é uma tarefa digna de Hércules. A maturidade tem me trazido muitas coisas boas e uma delas, penso eu, é a habilidade que eu tenho pra conviver com tantas pessoas diferentes.
Todos temos defeitos, é a primeira coisa a se levar em consideração. Parece idiota escrever isso, mas temos a tendência a gostar do que é perfeito e quando surge um defeito, desviamos o olhar pra outra qualidade. Encarar os defeitos dos outros é difícil, aceitá-los então... Mas tudo começa dentro de si. Voltando os olhos pra dentro, aceitando as nossas falhas, nos dá um entendimento melhor sobre o indivíduo. Nos colocamos de igual pra igual, vendo que somos todos capazes dos mesmos erros, das mesmas atitudes impensadas.
Analisar e perdoar também é um importante exercício, que eu sempre pratico. Ao estudar as atitudes fica muito mais fácil perdoar. É muito bom entender, compreender e aceitar...
Seres humanos, criaturas difíceis. Seres adoráveis.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O destino do camaleão!

Tia Fulô era irmã do meu avô. Sabe aquelas velhinhas pretas, bem magrelinhas, que fumam cigarro de palha e andam de lenço na cabeça? Tia Fulô era uma delas. Eu sempre amei ir na casa da tia Fulô, porque ela fazia uma broinha de milho muito gostosa. Era solteirona, não tinha filhos e nem netos, mas fazia as tais broas que atraíam amigos e vizinhos a toda hora, era boa de prosa e adorava contar um causo de assombração. Jurava que o saci em pessoa tinha esfregado o cachimbo de sua mãe no fiofó, e também que ela já tinha corrido de lobisomens e mulas-sem-cabeça!
Um dia cheguei na casa dela e levei um susto, Tia Fulô tava com um tição (pedaço de lenha em brasas) nas mãos, deixando várias marcas pretas ao golpear as paredes branquinhas de sua cozinha.
_ O que é isso Tia Fulô? Tá caduca?
_ Caduca nada. Tô matando um camaleão!
_Como assim? Cadê o tal do camaleão? Tô vendo nada!
_ Tá ali, ó no canto! Bixo venenoso! Vem cá que eu te dou cabo!
_ Tia Fulô, aquilo é uma lagartixa! Tem nada de venen...

Nisso ela acerta um golpe na pobre lagartixa, que cai pra um lado e o rabo pro outro, se mexendo freneticamente!

_Tá vendo? O bixo é tão venenoso que mesmo morto ainda quer andar, ó! Ispia só o rabo!

Queria muito rir, mas corria o risco de levar uma tiçãozada e ter o mesmo fim da lagartixa...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sábias palavras...

Até os 16 anos eu vivi em Barbacena, em um pequeno distrito chamado Correia de Almeida. Esse lugar parece uma cidadezinha cenográfica, com igrejinha no meio, uma praça e tudo em volta. Lá passei pelos piores e melhores momentos da minha vida. Conheci muita gente estranha e gente que nem achei que pudesse existir nesse mundo.
Uma dessas pessoas era Dona Leonides, que todos chamavam de Leonídia. Era prima da minha avó e eu achava que ela pareceia o Milton Nascimento magro. Enfim, Leonídia sempre gostou muito de mim e de minha família e sempre nos defendia quando alguém falava mal da gente. Ela dizia que as pessoas nos invejavam, por sermos pessoas boas e que precisávamos tomar muito cuidado, pra não apanhar "quebrante".
Um dia estávamos em minha casa, e uma visita chegou e começou a elogiar tudo o que via, do cabelo das pessoas às flores no jardim. Leonídia, sempre atenta, balbuciava umas palavras. Eu percebi aquilo e, sendo uma mulher muito religiosa, imaginei que ela estivesse desfiando uma de suas rezas fortes, dessas que só as carolas mais velhas conhecem. Fiquei intrigado com aquilo mesmo, a ponto de chegar e perguntar pra ela o que era. A explicação veio, e eu não segurei a risada. Ela disse asim:
_ Se alguem elogiar muito uma pessoa que você gosta, você pensa na pessoa bem forte e diz: "Beija no cu dela! Beija no cu dela! Beija no cu dela!"

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Charlie's Angels


Pois é, final de semana quase aí e eu nem falei nada do anterior. É que muita coisa aconteceu ao mesmo tempo, e eu demoro um pouquinho pra organizar minha cabeça.
Engraçado, porque me disseram que quando algo começa ruim, depois piora. Comigo é o contrário, se começou ruim, eu vou até ficar bão!
Depois de um aniversário em um lugar espremido, com fila gigante, climão, pipocos voando, e comida q eu não gosto, fomos beber (isso sim que é bão!) no Bardaloka, eu chamo assim mesmo, tudo junto. Enchemos o rabo como sempre, e esqueci minha dignidade lá. Indo pra casa, encanei de puxar papo com o João Victor e o amigo dele, Diego, comquem eu pouco tinha falado anté então. Eles iam pro centro, e como moro por lá, desci a pé com eles. Paramos no bar do Estadão, onde comi um bolinho de bacalhau, um enroladinho de salsicha e enfiei a dieta no cu. Ou melhor, ela sairia por lá horas mais tarde.
Chegamos perto da Trash 80's, que era o destino dos boys, e resolvemos entrar no bar, onde encontrei umas pessoas conehcidas, inclusive um casal que há muito eu não os via. Bebemos mais. Os meninos entraram e eu continuei bebendo com o casal amigo meu.
Já turvo, na porta da Trash, resolvo entrar pra ver uma amiga, Luana, que tava indo embora e eu dei um jeito de sair sem precisar pagar. Indo embora recebo uma mensagem de Márcio e Jonas, que estava na Paulista. Aproveitei a carona de Luana e fiquei na Paulista, onde encontramos um amigo desabrigado que eu trouxe pra casa. Depois disso, tudo o que me lembro são flashes. Acordo, estava programando ir a uma despedida e depois ver Ana cantar no Piu Piu.
João me liga e antes de ele convidar pra ir no Mundo Mix, eu já aceitei... Muito engraçado, porque foi uma coisa muito oferecida, mais ou menos assim:

_Charlie eu e o Diego tamos indo no Mundo Mix e..
_ Eu vou. Nos encontramos aonde?

Cheguei lá e, depois de já começar a achar q eu estava no lugar errado, os encontrei. Tomamos um chá ruim, ganhamos brindes, vi chapéus tendo ereções e joaninhas mancas. Vi Yaya Pagh, que tava discotecando e, quando me viu, fez um coração com as mãos no alto da cabeça, quase eu choro... Amo muito a Yaya! Fomos no stand da Orloff, não bebericamos nada, mas ganhamos uma revista e a foto que ilustra o Post (eu, Victor e Diego).
Saindo de lá, fomos voando pro Piu Piu, ver a Ana cantar. Muito lindo ela cantando, orgulho de ter amigos talentosos, muito orgulho mesmo. Pena que tivemos que ir embora cedo, ou Victor perderia o ônibus... Enfim.... É isso aí, foi tudo ótimo, mas mais aventuras virão!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Dora e os lobos

Não costumo ler muito. Não que eu não goste, eu adoro ler. Mas não são todos os livros que conseguem prender minha atenção de início. Até mesmo um dos livros que mais gostei, A Hora da Estrela, eu tive que recomeçar a leitura umas 3 ou 4 vezes por me perder em meio a tantas informações que Clarice Lispector despeja em seu primeiro capítulo.
Daí que no dia que eu fui na casa da Lele, ela me presenteou com seu livro, que eu tinha curiosidade de ler desde que foi lançado. Cheguei em casa, coloquei na mesinha e me comprometi a ler um capítulo por dia. Nem preciso dizer que eu me trapaceei, né?
Desde a primeira página, eu já comecei a sentir o que estava por vir. O livro é muito bom. Diferente de tudo o que eu já li, embora eu não tenha lido muito.
A história da mulher que se indaga em frente o espelho ao se preparar pra uma viagem vai sendo pontuada com lembranças da menininha loira que desmistifica a figura do lobo e sonha encontrar o seu castelo, que a aguarda com uma grande festa. Me emocionei enquanto lia, vendo fragmentos da minha infância na cabeça da menininha e pegando emprestadas as experiências da jovem, indo com ela rumo à Itália. Me surpreendi vivendo as histórias contadas de uma forma que não dá pra distinguir a realidade da ficcção. E acredito piamente, agora, que estive naquele casamento, senti o cheiro do vinho do piquenique e assisti maravilhado o galopar do cavalo baio.
Dormindo com lobos e galopando em cavalos baios... Assim é a Lele...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Going through changes...


Eu tenho a mania absurda de tentar entender as pessoas, e ficar investigando por que razão elas são assim, ou assado. Eu acho que nenhum ser humano é mau, ou faz coisas más de caso pensado.
É por isso que sempre me estrepo quando dou confiança demais, ou me envolvo demais com alguém.
Taíse sempre me falou isso. Eu me apego muito fácil às pessoas, sem antes saber como elas são, e mesmo quando eu descubro, eu tento procurar uma coisa boa nelas, pois a meu ver ninguém é de todo mau.
Mas, hoje, depois de conversar com duas ou três pessoas, percebi o quanto isso é ruim pra mim. Primeiro porque me faz parecer falso, porque se eu acho tanto defeito na pessoa, porque eu fico mantendo ela por perto, pra ver que ela realmente é defeituosa e não tem mesmo jeito? Masoquismo? How 'bout no longer being masochistic? Segundo porque isso faz com que as pessoas que se importam comigo de verdade muitas vezes fiquem em segundo plano.
E, assim, é mais uma fase desse mês em que eu decidi dar um rumo pra minha vida. Comecei raspando a cabeça. Sério, mudar o cabelo sempre ajuda. To firme na dieta, embora eu ache q não esteja adiantando muito. Tive também umas conversas aqui em casa. Criei vergonha e fui ao banco abrir uma conta, que há 8 anos eu não tenho. Fiz uma segunda via do RG e do CPF, que nem sabia onde tava. Talvez em algum buraco negro que leve tudo o que perco a uma dimensão paralela.
Mas enfim, o resultado de tudo isso, e o que eu quero dizer é que. Vou colocar de uma vez por todas na minha cabeça que eu não sou Jesus Cristo, portanto tenho o direito de recusar coisas e pessoas sim. Falar NÃO é necessário, tenho que aprender que eu não sou decisivo na vida de ninguém, e o que eu não puder fazer, certamente alguém mais o fará. E, enfim, vou cuidar das pessoas que merecem, que importam ser cuidadas.
Finalmente, vou deixar a preguiça de lado e toamr banho todos os dias... Ok, não´preciso explicar essa resolução aí!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tata

Conheço a Taíse nem sei quanto tempo faz, mas está pra nascer alguém tão divertida e tão parecida comigo. Ela também tem DDA(distúrbio do déficit de atenção), que nem eu, e é capaz das coisas mais absurdas. Trabalho com ela, e sempre que possível nos reunimos pra organizar as idéias, planejar nossas aulas e discutir alguns assuntos. Sempre fazemos isso num restaurante, e saímos dele a poucos instantes de ter que lavar pratos pra pagar a conta, pois nosso dinheiro não condiz com o nosso apetite. Estávamos no Ragazzo , aquele perto da estação Alto do Ipiranga, onde fomos pra comer um tal de filé Indiano que foi a pior porcaria que eu já comi na vida, corrão dele! Enfim, depois de muito comer, pagamos a conta e estávamos nos preparando pra sair quando vejo a Tata olhando pra parede, como se procurasse algo. Comecei a olhar também, mas como não consegui ver nada diferente e a cara dela já estava se aproximando do desespero, resolvi perguntar:
_ Tata, o que foi?
_ Ai amigo, não tô conseguindo me ver no espelho!
_ Taíse, aquilo é uma janela, você está olhando pro Habib's, que é do outro lado!
_ Ai, que alivio. Porque eu já estava ficando preocupada, achando que tinha desencarnado e meu espírito ainda não havia se dado conta.

domingo, 10 de agosto de 2008

O dia perfeito parte II


Como bom conhecedor de São Paulo que é, Clayton marca comigo no Parque Dom Pedro I. Não sei por que cargas d'água chamam aquele buraco de parque.
_Clayton, você sabe chegar até a Paulista?
_De carro, não!

OK! Fui pro lugar, Clayton já havia me avisado que iria se atrasar um pouco. Estava com meu recém adquirido guarda-chuva. Pensei "vou segurar como se fosse Napoleão com sua espada, chegou neguinho eu desço a lenha". Primeiro cara que chegou, eu quase me cago e corro pra enfiar o celular na cueca. O que é a coragem, não é minha gente?
Clayton não se atrasou tanto. Ainda bem.

_Charlie, você me orienta. Eu não conheço isso aqui.
_Eu vou sinalizar com a mão, não sei o que é direita e esquerda!

Primeira bifurcação eu consegui orientar o Clayton a parar exatamente no meio, onde não dava pra ir a canto algum... Continuamos fomos bem até a Dr. Arnaldo.Pensamos em parar perto daquelas banquinhas de flores perto do cemitério do Araçá, pois tínhamos esquecido do vinho, levaríamos rosas. Avisão de duas coroas de flores com dizeres de saudade nos fez mudar de idéia.Continuamos na Dr. Arnaldo, quando uma parte dela sobe e uma parte desce. Clayton, mostrando toda sua habilidade, sobe!
_Eita, aqui nesse trecho é contra-mão!
_Faz assim Clayton, vai voltando de ré beeeem devagar que é assim que a Taíse faz.
Nem me passou pela cabeça que Taíse é a pessoa mais confusa que eu conheço. Clayton usou o cérebro e fez a volta na rua mesmo.
Ligamos pra Lelê, que nos orientou e 5 minutos depois estávamos lá...
Não tenho como descrever a noite, que foi ótima. Aninha, estava lá e amou o retrato que eu fiz dela. Maurício e Ricardo, super espirituosos... Acho q os héteros mais legais que já conheci. Chiara, a filhinha de Lelê é um capítulo à parte, inteligente, simpaticíssima, tem umas tiradas ótimas e é a cara da mãe...
Meu DDA me impede de lembrar o nome de todos, mas me lembro do Prozac, o cachorrinho fofo que ficava perto de mim toda hora, fiz muito carinho nele.
E Lelê, bem... Sou suspeito pra falar. É ótima, sempre. uma pessoa que amo cada dia mais e só ela sabe o quanto ela significa pra mim.
Ah, ganhei uma camiseta e um livro dela com dedicatória... Lendo e adorando...

Clayton, obrigado pela carona, e por me mostrar como você é... Queria que todo mundo pudesse te conhecer de perto que nem a gente conhece!

O dia perfeito parte I

Sábado, hora do almoço, vou com mamãe ao mercado. São poucos os momentos que tenho com minha mãe, e mercado está para ela assim como doce está para criança. Horas entre corredores gigantes, escolhendo preços.
_Charles, olha como o papel higiênico tá barato!
_Pra sua utilidade até que tá caro demais...
_Então eu não compro e tu limpa o cu com a mão!

Compramos, fomos pra casa... Guardando as compras, o telefone toca. Clayton, dizendo que Lelê faria um jantar na casa dela, e queria que eu fosse também.
Porque quando chega esses convites de repente você percebe que TODAS as suas roupas boas tão sujas?
_Lê (de Leni, não chamo minha mãe de mãe). Vamos comigo na C&A ver se eu acho uma camisa ou uma blusa?
_Pobre não pode ver dinheiro. Não vou emprestar o meu cartão não, depois quem paga sou eu.
No meio do caminho começa a chover, e nós sem guarda-chuva. Fomos nos molhando mesmo... Meu cu! Me lembrei de cancelar o jantar com Renata, ela ia entender. Cancelamos e marcamos pra segunda-feira.
Achamos uma camisa linda, mais uma camiseta, mas ainda não era o que eu queria. Fomos ao shopping. A malha perfeita, mas GG...

_Prova, ou tu acha que tu tá magro? Comentário desnecessário, porém acabou me fazendo rir.

Entro no provador, a blusa ficou mesmo boa. A sopa é necessária, mesmo. Olho no canto do provador, um guarda-chuva... Demorei o máximo que pude, pra ver se o dono voltava. Não voltou. Tava chovendo, se eu devolvesse, talvez o dono não voltasse...

_Lê, pega esse guarda-chuva e me espera lá fora.
_Se o dono reconhecer digo que foi tu!

Paguei, saímos... Fomos pra casa.

_Guarda-chuva bom, hein? Sempre quis um desses!
Dei uma risada sonora.

Chegamos em casa, banho, roupa, procurar o mapa na Net, ligar pro Clayton e terminar o retrato da Ana.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mágoa do trem

Mais uma semana se acabou e agora me lembro que eu NÃO precisarei mais trabalhar aos sábados. Isso é tão gratificante. Mesmo que eu venha a trabalhar, será por uma ou duas horas no máximo. Chega de fazer a Isaura.
Trabalhar nem é tanto. O que eu não suporto é pegar o trem. É tanta coisa feia que me causa desorganização mental. Sério, não consigo me concentrar em meio a tanta bizarrice.
Ser pobre não é defeito, mas ser relaxado sim. É fia com cabelo ensebado, calcinha mascando no cu, gente fedida. Outro dia um cara respirou pro meu lado e o bafo foi tanto que quase gorfei.
Nunca tive dinheiro na vida, mas sempre fui limpinho e soube me vestir. Sempre tive educação pra entrar em qualquer lugar sem ser notado. Mas esse povo gosta de causar. Grita, fala alto no celular, peida e ri... Se você reclama te falam: "Compra um carro!, Vai de táxi!". Compro carro um cacete, vou de táxi de cu é rola. Pago imposto pra ter direito a transporte público e pra dar educação pra esse bando de gente que não se preocupa em ser algo decente na vida. São poucos os que são pobres com dignidade, e isso me entristece...
Pobreza é uma coisa... Falta de educação e civilidade são o mal desse país.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Acabei de jantar. Comi feito um padre, pois reza a lenda que os padres comem muito.
O dia hoje não foi nada fácil. Acordei de manhã, às 6:30, pra dar uma aula e dei de cara com uma mensagem no celular, dizendo que a aula estaria cancelada. Ótimo, vou dormir um pouquinho mais, pensei comigo. Telefone toca, 12:15:
_Charlie, tudo bem?
_Tudo, quem é?
_Dani, sua aluna. Você está vindo pra aula?
_Poatz! Desculpa, mas não vai dar.

Sim, eu consegui dormir direto, sendo que ao meio-dia eu tinha que estar dando aula já. Não tive remédio, a não ser confessar que eu tinha acabado de acordar, porque não conseguia nem pensar pra inventar uma desculpa. E também que há muito desisiti de mentir. Eu falo o que tem que falar e pronto, pra que esconder. Tudo o que se esconde também se acha. E a cara depois? Comofas?
Mas confesso que vou conversar com eles amanhã, e rezar pra não precisar contar pra minha chefe q eu não dei aula porque dormi demais, passado do meio-dia... Enfim, hoje vou odrmir cedo, pq gato escaldado tem medo de água fria.

domingo, 3 de agosto de 2008

Alcohol


Três da tarde de sábado. Hora pra se estar em casa vendo tv com a família, certo? ERRADO. Era esse horário e lá estava eu com a intrépida trupe da comunidade TDUD? no bar da loca encendo a fuça de cerveja.
E, assim, bebi bagarai. Derramei bebida em meio mundo, saí do bar, voltei, fomos pra Trash, bebemos mais antes de entrar, entramos e bebemos mais.
Enfim, algumas consideraões a serem feitas. Amnésia alcoólica independe da quantidade que se bebe. Estou pelejando pra lembrar umas coisas, mas só vejo alguns lampejos. Estou definitvamente ficando velho, me lembro de ter dormido de conchinha com alguém na balada, em uma cama redonda. E finalmente, eu tenho que parar de falar que amo os outros quando eu bebo, muito sério.
Acho que ontem eu amei até a tia das latinhas.
Porém, como fazia muito tempo que eu não varava a noite fora, hei de confessar que foi uma das melhores festas EVER.
Cheguei em casa tomei água, tomei banho (sim, banho), tomei 2 dorflex e capotei.
Quero sábado de novo...

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alocse od Oirártnoc

Esse é o nome da institução que botará o Brasil em ordem. A Alocse od Oirártnoc vai pôr tudo o que é brasileiro na linha. Porque assim, nós temos mania de fazer tudo o que não pode, tudo às avesssas. Atravessamos fora da faixa, jogamos papel no chão, cuspimos pelo vidro do carro, bloqueamos as escadas rolantes e calçadas, e mais uma infinidade de coisas. Não adianta botar aviso, não. Aqui em São Paulo tínhamos uma placa qe dizia 'NÃO FECHE O CRUZAMENTO'. Nunca adiantou porra nenhuma. Daí, em cima do NÃO, colocaram a palavra NUNCA... Isso mesmo, 'NUNCA FECHE O CRUZAMENTO', ainda assim não adianta. Podem até ser mais dramáticos e colocarem lá: "JAMAIS, SOB NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA, FECHE O CRUZAMENTO. E QUEM O FIZER TEM A MÃE NA ZONA". Não vai adiantar.
Mas há uma solução para todos esses problemas e ela é a revolucionária "Alocse od Oirártnoc"
Se na escola aprendemos como as coisas devem ser, e fazemos errado, vamos ensinar errado que o povo faz certo! Simples assim!

Na Alocse od Oirártnoc você vai aprender lições como:

1-Como parar na escada rolante e impedir que os outros passem;
2-Utilize mais que 4 toalhas de papel pra secar a mão, se possível leve umas pra casa pra fazer de guardanapo;
3- Avance todos os sinais vermelhos;
4- Como estacioanr em local de deficientes sem ninguém perceber;
5- Durma nos assentos reservados sem que ninguém te incomode;
6- Espalhe a merda do seu cachorro pelas principais ruas da cidade, e tc.

Com lições como essas, e o nosso hábito brasileiro de fazer tudo ao contrário, ou ao oirártnoc... Seremos uma nação limpa, educada e feliz!

Matriculem seus filhos, e amigos e parentes... AGORA!

Vazio

Não, não sou uma pessoa vazia, mas há horas que não nos vem nada na cabeça pra escrever. Aliás vida de internet cansa, deixa as pessoas sem assunto. E tem outra coisa, nada relevante acontece.
A única coisa que aconteceu que me deixou estarrecido foi essa cara que matou e esquartejou a namorada em Goiás. Acho que todo ser humano já pensou, em momentos de raiva em matar alguém, ou desejou a pessoa morta, eu já fiz os dois (pensei e desejei). Mas é preciso muita desconexão com o ser humano pra fazer tal coisa. Imagina só pegar alguém igual a você e simplesmente tirar dela a única coisa q de fato ela tem, o direito de viver. Depois, pegar uma faca, cutelo, whatever... E decepar a pessoa. Precisa ser muito doente, sinceramente eu não tenho estômago, e nem sou louco o suficiente pra ir além do pensamento. E tenho dito!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Dieta

Quero muito emagrecer assim, uns 8 quilos. Tá bom, 5 quilos. Como tenho preguiça de fazer qualquer exercício físico além de caminhar até o ponto do ônibus, resolvi começar uma dieta. Hoje de manhã comi um sanduíche de peito de peru, com um copo de Ades... Nem sei se Ades é light, mas enfim. Meio-dia e eu já estava vendo as coisas em dobro... Não resisti, comi um salgadinho. Depois, uma esfiha de carne. É assada, mas tem massa. Caralho! Horas na fila do banco... Fome. Enta um garotinho comendo bolacha, quase fiz amizade com o guri pra ver se ganhava um teco. Saí do banco, um salgadinho de salsicha desses de boteco (não resisto!). Dessa vez eu confesso que nem reparei se o boteco estava limpo. Hummm, uma banquinha que vende rosquinhas de nata, só cem gramas, não faz mal... OK! Duzentos gramas e mais um Muppy. Outro Muppy pra quando der sede.
Churros! Não, esse eu vou resitir. Vou de São Bernardo a São Caetano... Um chá verde!
Aula, um cafezinho com açúcar... Só unzinho, vai! Doido pra chegar em casa...
Cheguei, um sanduíche de peito de peru com queijo prato, queijo prato é gordo... Foda-se!
Mais um copo de Ades... Enchi o cu de soja hoje. Soja emagrece?
Enfim, internet tira a fome... Cheiro de bife! Proteína, não engorda!
"Júuuuuuuuuunior, frita um pra mim!" Yummy!
Se alguém contar as calorias eu mando tomar no cu!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Fake it till u make it!

Alanis fala isso em um de seus vídeos espalhados pelo youtube, e eu nunca tinha parado pra prestar atenção nisso até pouco tempo. E, assim, não é que ela tem razão?
Acho que de tanto as pessoas fingirem, ou acreditarem ser algo, os outros acabam comprando a idéia. Estamos cheios de expemplos disso por aí... Marimoon, sei lá como se escreve o nome dessa fia, eis um exemplo.
Mas será que essas coisas se sustentam por muito tempo? Acho que não...
Mas tem o lado bom da filosofia "fake it till u make it". Eu sou um exemplo disso. Quando comecei a trabalhar dando aulas, malemal sabia falar inglês direito, hoje sou um bom professor. Acho que de tanto eu fingir que sabia muito, acabei acreditando e indo atrás da minha idéia, e não é que hoje eu sei?
Eita! Melhor então não criticar a Mari Moon (whatever). Vai que um dia ela vira uma Hebe.
Keep on fakin it, bitch!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Tem coisa que cansa...

Sempre me achei um Jó (aquele da Bíblia). Mas de uns tempos pra cá a minha paciência anda meio esgotada. São pouquíssimas as pessoas que não me dão preguiça, acho que se contar direito são umas quatro ou cinco.
Acho que a falta de trabalho fixo, com horários e tals está contribuindo para essa minha falta de paciência, ultimamente tenho aternado meu humor entre psicopata e suicida. Pra completar, a suspeita de câncer da minha avó me abalou deveras.
Enfim, o causo é que o stress anda corroendo a minha pessoa. Melhor mesmo me trancar pelado em casa, coisa que nem posso mais fazer, mas isso é uma outra história....